terça-feira, 9 de abril de 2013

Apenas um final de tarde para escalar entre amigos em Serra Caiada/RN

Quando se fala em escalar vem a mente uma grande viajem e uma aventura para ser escrita em livros. Mas o ultimo sábado me mostrou que escalar pode ser também uma diversão de uma simples tarde de sábado, sem muito compromisso com grande conquistas. Apenas uma tarde agradável jogando conversa fora, ensinando um novo "mulambo" a progredir na arte de subir as pedras.

Um Top Rope aqui, uma entrada numa via mas forte ali, convencer a novata de que a sapatilha não está apertada e a dor no dedos é normal, entrar numa via sabendo que não vai mandar, mas sem se importar com o resultado.



Lado esquerdo, Neto de Eloi entrando de Top Rope na Via "Bob Esponja" V. Na direita John Nascimento entrando na via "Sr. Puff" VI no Setor da Ravina, Bloco da Barriguda em Serra Caiada/RN 

Mycheline Santos, aprendiz de mulambo de John Nascimento entrando de Top Rope na Via "Bob Esponja" V, no Setor da Ravina, Bloco da Barriguda em Serra Caiada/RN 

Mycheline Santos, aprendiz de mulambo de John Nascimento no cume do bloco da Ravina, segunda ela: Esse não era o cume que eu queria, mas está valendo, em Serra Caiada/RN
Tonny, Denn Malloy, Neto de Eloi, Leo "Japa", a mulamba Mycheline Santos e John Nascimento e a Caiada bem atrás. Galera dano maior vibe a escalada em Serra Caiada/RN


E no fim de tudo presenciar um por do sol digno de uma obra prima de um grande pintor, pegar a estrada voltar pra casa com a sensação que seu antebraço cresceu alguns centímetros

Texto - John Nascimento
Fotos - A galera

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Hebdomadae Sanctae 2013

Texto: Leonard Goes (Leo Japa)
Fotos: John Nascimento/ Denn Malloy



A Semana Santa no calendário litúrgico é o período que celebra a Paixão, a Morte e a Ressurreição de Jesus Cristo. No calendário laico é feriado. Feriado, momento de descansar, relaxar, aproveitar. Descobrimos que há duas formas de vivenciar um feriado.



Outra forma de vivenciar as férias produzem uma pertubação não esperada na cabeça do cavalo. Aqueles campos verdes sem cercas começam a mexer lá no fundo da sua alma, justo no lugar que estava enterrado o cavalo selvagem que ele fora um dia, antes do cabresto, do arreio e da castração. E aí um milagre acontece: o cavalo selvagem morto ressuscita, se apossa do corpo do cavalo doméstico, que vira outro e até (re)aprende as esquecidas artes de relinchar, de empinar, de saltar cercas, de disparar a galope pela pura alegria de correr. E de repente, ele se lembra de que está chegando a hora de voltar .. mas ele não quer voltar. Quer ficar.E assim foi o feriado de Semana Santa, em Serra Caiada, produzindo perturbações na cabeça de quem lá estava. Não se buscou matar a fome e sim aumentá-la. Não se buscou satisfação e sim desordem. Não fomos atrás de descanso, compreendíamos que cada minuto de descanso é um minuto a mais de separação do poder para alcançar o escopo. Sem pressa, já que o prazer exige vagareza. Sem anelar o “orgasmo”, sabíamos que com ele vem a morte do desejo, alimentamos a alegria de ver crescer o desejo por mais.

A primeira é quando o cavalo cansado, magro, castrado, vai para uma campina verde, sem alguém que lhe dê ordens, sem hora pra se levantar, sem nada para fazer, é só vadiar, pastar, descansar, correr, dormir, fazer o que lhe der na telha! Passados alguns dias, descansado e gordo, é hora de voltar para onde estava antes ... para o cabresto, cerca, arreio, carroça, esporas e chicotes, para isto que se chama realidade.





E assim se concretizou os quatro dias de retiro: trilhas, escalada (a luz do sol, a luz da lua e a luz de refletores), Jiu-Jitsu, açude, paredão, festas, insonias e dormidas. E a certeza de que não se matou a vontade, a certeza de ter acordado o lado selvagem, domesticado pela chamada realidade. A certeza de não ter se saciado, de querer mais e mais e mais ..